sexta-feira, 7 de março de 2014

FanFic - Biology 2 Capítulo 17





– Estarei de volta antes que as marquinhas que deixei sumam por completo.
Subitamente sem fôlego, respirei fundo, apertando o tecido de sua camiseta em minhas mãos. Niall soltou um risinho rouco e mordeu meu lóbulo antes de se afastar, com um olhar sujo que definitivamente ficaria gravado em minha memória até o seu retorno.
– Boa viagem – suspirei, ao retomar parte da consciência – Dirija com cuidado.
– Te ligo quando chegar.
Assenti, abraçando-o pelo pescoço ao nos beijarmos uma última vez, e quando abri a porta para que ele passasse, já estava morrendo de saudade. Ao observá-lo entrar no carro e acelerar, acenando com um sorriso pesaroso, me peguei pensando: se já estava doendo agora, que estávamos bem e ele ficaria longe por apenas alguns dias, como sobrevivi todo aquele tempo sem qualquer certeza de que nos veríamos de novo?
Uma semana se passou, durante a qual nos falávamos a todo momento por telefone ou Skype. Até minha mãe conversou com ele, ao entrar em meu quarto e me pegar tagarelando diante do computador. Pelo visto, ele teria que passar outra semana por lá, já que Ben parecia ter pegado uma forte gripe e precisava de um carinho extra. Ele apareceu numa de nossas conversas virtuais, com o nariz vermelho e as pálpebras pesadas, típicos sintomas do vírus, e me deu um aceno simpático, seguido de um espirro; Niall correu para apanhar a caixa de lenços mais próxima e auxiliar o pequeno.
– Ugh, não aguento mais espirrar – ele balbuciou, um tanto grogue, e não hesitou em se aninhar no colo do pai, cochilando após alguns minutos. Enquanto Niall se ausentou para colocá-lo na cama, eu tratei de espantar a história que Harry me contara de minha mente, temendo deixar algo indesejado transparecer quando ele retornasse.
Por falar em Harry, não recebi mais ligações ou visitas desde que o ignorei no sábado. O que era bom, pois tudo o que eu queria dele era distância, mas ao mesmo tempo, me preocupava. Estaria ele armando alguma coisa? Ou teria apenas desistido? Para quem parecia tão determinado a levar seu plano adiante, aquele sumiço repentino parecia suspeito demais. De qualquer maneira, me encolhi em minha bolha de negação e preferi me iludir com a segunda hipótese, ainda que a primeira ainda me perturbasse quando eu me permitia considerá-la.
Parte de mim queria, precisava descobrir se o que ele havia me dito era mesmo verdade... E eu até já havia pensado em como comprovar sua versão dos fatos. O problema era a outra parte de mim, que temia que tudo desandasse se eu ousasse admitir, ainda que por um segundo, que ele estava sendo sincero, e, portanto, continuava inerte, apenas adiando o momento em que eu teria que tomar uma atitude a respeito daquela bomba-relógio.
Resumindo: foi uma semana quase feliz, a não ser pelos breves momentos de terror que minha própria mente paranoica criava.
Mais uma semana se passou, e enfim Niall retornaria. Contudo, ele apenas estaria de volta no sábado, e eu tinha um aniversário para ir na sexta-feira. Dianna, uma colega de faculdade, havia me convidado para uma pequena comemoração numa casa noturna, e permitiu que eu levasse acompanhantes. Eleanor, que estava um tanto chateada com Ewan desde seu retorno da casa dos pais dele, aceitou na hora, mesmo sem conhecer a aniversariante, alegando que precisava de uma boa desculpa para encher a cara e curtir um pouco a vida. Niall me incentivou a ir, alegando que eu precisava de um escape antes da semana de provas, e me advertiu quanto à parte de encher a cara, com mais veemência do que eu esperaria – e então me lembrei de quando apaguei em seu carro, para só acordar na manhã seguinte, de calcinha e sutiã, em sua casa... De repente, sua preocupação fez bastante sentido. Prometi me comportar, e ele me fez prometer outra vez.
– É sério, eu não vou ficar bêbada! – repeti pela décima segunda vez, rindo ao telefone enquanto me arrumava para a festa na casa de Eleanor.
– Ninguém vai ficar bêbado essa noite, Horan – ela reforçou, com um falso tom de seriedade, e sua risada nem um pouco convencida emanou do alto-falante do celular.
– Pra ser bem sincero, acho que você já está bêbada – ele retrucou, e ambas rimos também.
Se eu soubesse o que estava por vir, teria desistido de sair naquele exato momento e passado o resto da noite em meu quarto, rindo com Niall pelo telefone até o sono chegar e levar consigo tudo o que poderia ter dado errado naquela noite.

– Você veio! Não acredito!
Disfarcei um sorriso envergonhado com um simpático assim que a voz razoavelmente estridente de Dianna atingiu meus tímpanos, e vi Eleanor rir discretamente ao meu lado. Apesar da música alta e do falatório que preenchiam a casa noturna, boa parte do grupo de pessoas que a cercavam tiveram suas atenções roubadas pela exclamação surpresa da aniversariante, e as transferiram para mim, fazendo com que meu rosto corasse o suficiente para que minha vergonha fosse visível até mesmo sob a quase nula iluminação interna.
– Pois é... Eu vim – respondi, quando Dianna se aproximou para receber meu abraço – Parabéns!
– Obrigada! – ela agradeceu, após me soltar, e repetiu o procedimento com Eleanor, ainda que mal a conhecesse, em seguida voltando a se dirigir a mim – E o seu namorado? Aquele deus grego... Não acredito que ele não veio!
Revirei os olhos, mais do que acostumada com o comportamento nem um pouco discreto de Dianna em relação a Niall.
– Ele não pôde vir, mas mandou lembranças.
– Tipo um beijo? Na boca? – ela riu, e bastou um olhar mortífero meu para que ela gargalhasse e desistisse de me irritar – Brincadeirinha! Eu já arranjei meu namorado gato mais velho, não se preocupe.
Ergui as sobrancelhas, lançando um olhar surpreso para Eleanor, que o retribuiu com um idêntico.
– Como assim? – perguntei, verdadeiramente curiosa. Dianna deu de ombros.
– Não é bem um namorado, é mais um rolo... De qualquer forma, nós nos conhecemos há pouco tempo, e ele pode até parecer um tanto desinteressado, mas eu não vou desistir! Talvez ele apareça hoje, então fiquem espertas. Ele é absurdamente gato, sério. Acho que dá até pra competir com o seu precioso... Como é o nome dele mesmo?
Engoli em seco antes de responder, sem poder evitar uma sensação estranha ao ouvir sua explicação.
– Niall.
– Isso, isso – ela assentiu vagamente, antes de me puxar pelo pulso – Enfim, venham! Vou apresentá-las ao resto da turma.
Sem tempo para aprofundar meus pensamentos e certa de que ela já tinha um considerável nível de álcool correndo nas veias, apenas deixei que ela me guiasse, com Eleanor em nosso encalço.
Quando enfim havíamos cumprimentado cada amigo de Dianna e nossa presença foi ofuscada pela chegada de novos conhecidos do grupo, respirei fundo e olhei para Eleanor, que imediatamente notou os vestígios de preocupação em meu rosto. Sem dizer uma palavra, ela me deu as costas e seguiu numa determinada direção, ação que eu obviamente reproduzi, já sabendo nosso destino.
– O que houve? – ela indagou assim que a música alta foi notavelmente abafada pela porta do banheiro feminino.
Respirei fundo antes de falar, sabendo que ela me julgaria loucamente.
– Você não acha que...
– O rolo da sua amiga possa ser o Harry?
Não respondi, apenas desviei meus olhos dos dela, em parte surpresa por sua percepção, e em parte envergonhada por ser tão paranoica.
Eleanor caminhou até o espelho e fitou seu reflexo, pensativa, antes de voltar a falar.
– Não vou negar que a hipótese também tenha me ocorrido.
– Eu sei que existem inúmeros homens mais velhos do que Dianna nessa cidade – falei, incapaz de conter o fluxo de palavras assim que recebi o incentivo dela para liberá-lo – Mas depois de tudo o que ele fez, principalmente nas últimas semanas, é tão estranho me sentir perseguida?
– Não, claro que não – Eleanor suspirou, virando-se para mim de imediato – Estranho seria você não se sentir perseguida. Além de ser uma total burrice, já que Harry claramente ainda não conseguiu o que disse querer.
Mordi o lábio inferior, sem saber como agir. Por mais que eu tentasse descobrir quem era o homem mais velho com quem Dianna estava se relacionando, e ainda que ele fosse mesmo Harry, as chances de convencê-la de que ele provavelmente só estava com ela para me atingir eram quase nulas. Primeiramente, porque ela estava bêbada demais para falar de qualquer assunto com seriedade, e em segundo lugar, porque ela com certeza pensaria que era tudo uma questão de inveja, de orgulho por ela também ter um namorado mais velho. Como se eu desse a mínima para o que o resto das pessoas fazia com suas vidas.
– Não tenho como descobrir se é ele, e mesmo que consiga, não vou conseguir alertá-la – concluí, após uma breve pausa para raciocinar – E agora?
Eleanor hesitou por um momento antes de voltar a se aproximar de mim e colocar as mãos sobre meus ombros.
– E agora nós deixamos isso de lado.
Franzi a testa, pronta para retrucar, mas ela foi mais rápida e me impediu de protestar.
– Ele está claramente tentando te perturbar, e você está claramente caindo na armadilha. Droga, todos nós estamos. Sim, talvez ele seja o cara de quem Dianna falou. E daí? Ele não vai encostar um dedo em você. Eu estou aqui, ele não tem como fazer nada contra nós duas, desde que estejamos juntas. Além do mais, e se não for ele? E se só estivermos sendo paranoicas? Chega! Seja o que for, hoje nós vamos nos divertir. Então trate de tirar isso da sua cabeça, porque essa noite você está de férias da sua vida. Há quanto tempo você não simplesmente relaxa, sem ter que se preocupar com coisas que vão além das típicas preocupações de uma adolescente?
Por mais que uma voz estridente continuasse a me preocupar no fundo de minha mente, era inegável que Eleanor tinha razão. Se eu fosse cuidadosa, ele não teria oportunidades para me atingir. Além do mais, se a todo segundo eu encontrasse razões para me apavorar por causa de sua possível presença, não sairia mais de casa. Eu não tinha medo dele, ou pelo menos era o que ele precisava achar; eu não me intimidaria.
– Você está certa – admiti, enfim, revirando os olhos – Como sou idiota.
– Tudo bem, (S/N), sério – ela rebateu com um sorriso compreensivo – Até eu estou tensa desde que tudo isso começou. Sentir uma certa apreensão é natural, desde que não deixemos que ela nos paralise. Certo?
– Certo – assenti, mil vezes mais leve depois de nossa rápida conversa – Pronta para aproveitar a noite?
– Claro! Quer dizer, só preciso fazer xixi antes!

Voltamos a nos unir ao grupo de amigos de Dianna sem demora, decididas a aproveitarmos ao máximo o que a noite tivesse para oferecer. Colocamos nossas habilidades sociais (que não eram muitas, mas bastante eficazes quando o momento era favorável) em prática, e não demorou muito para que nos sentíssemos confortáveis com o resto da turma. Dianna tinha amigos muito mais legais do que ela – que tal opinião nunca chegasse a seu conhecimento.
– Aquele ali até que é bonitinho – Eleanor sussurrou algum tempo depois, cobrindo a boca com a mão que não estava ocupada segurando uma garrafa de cerveja – E ele tá super olhando pra mim.
– Eleanor! – exclamei, relativamente baixo, mas ainda assim recebendo tapinhas no braço para que me contivesse – E o Ewan? Pensei que vocês só tivessem brigado, não terminado!
– Mas nós não terminamos... E eu só estou comentando, credo.
– Eu sei que você jamais o trairia – retruquei, depois de um gole da única cerveja que eu pretendia tomar naquela noite – Só estou me certificando de que o álcool não te fará esquecer isso.
– Ele foi um idiota comigo, me desculpe se estou tentando puni-lo, mesmo que ele não esteja aqui para se sentir castigado – ela deu de ombros, terminando sua bebida e lançando um rápido olhar para o rapaz que havia elogiado há poucos segundos.
– Fique à vontade... Só não faça nenhuma besteira – suspirei, observando Dianna se sentar no colo do tal amigo e beber de sua garrafa – Vai por mim, eu tenho uma vasta experiência no ramo.
Eleanor bufou ao perceber que a atenção dele estava agora na aniversariante, e me deu uma cotovelada sutil.
– Tsc, não fala assim. Está tudo dando certo na sua vida agora, não seja pessimista.
– Você tem razão – concluí, com um sorriso bobo brotando em meu rosto ao me lembrar de que dali a algumas horas, eu estaria com Niall – Acho que talvez agora as coisas comecem a funcionar pra mim.
Virando o rosto em minha direção, Eleanor retribuiu meu sorriso e atirou seus braços ao redor de meus ombros num abraço rápido, porém sincero.
– Claro que sim. Você vai ver.


CONTINUA...

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