domingo, 27 de outubro de 2013

FanFic - Biology 2 Capítulo 1






Que delícia.
Suspirei profundamente ao caminhar pelo corredor da faculdade, cerrando os olhos ao receber uma intensa dose de raios solares enquanto passava pelas vastas janelas do terceiro andar. Assim como várias pessoas andando ao meu redor, tirei meus óculos escuros da bolsa e já os coloquei, voltando ao meu estado de tranquilidade gratuita, típico de sextas-feiras após a última aula.
- Quer ir à festa dos calouros no sábado à noite? - Dianna, uma das poucas garotas com quem havia feito contato mais do que duas vezes desde que iniciara o curso, perguntou ao me alcançar quando já descia as escadas para o primeiro andar – Eu e Ashley vamos comprar roupas mais tarde. Se quiser vir com a gente...
- Desculpe, não posso – falei, porcamente demonstrando um desapontamento que não existia porque eu odiava aquele tipo de festa; se eu quisesse ver cerveja, drogas e pessoas aleatórias transando, Skins satisfazia muito bem meu desejo – Meu fim de semana já está preenchido.
- Vai sair com o seu namorado, é? - Ashley piscou, entrando na conversa com um sorrisinho sacana – Acha que ele consegue preencher o meu fim de semana também?
- Não seja egoísta, tem bastante pra nós três – Dianna complementou com a voz esganiçada, rindo de sua própria ousadia.
Não pense que meu excelente humor fora afetado por aquela conversa podre que entrava por um de meus ouvidos e saía pelo outro sem deixar vestígios em seu caminho. Ou talvez apenas alguns, porque meus olhos reviravam sozinhos a cada idiotice que elas diziam.
- Ele não é meu namorado. Não precisamos de rótulos desse tipo. Estamos juntos, ponto final. - Sorri com cinismo, sem nem sequer olhar para alguma das duas - Ah, acabei de me lembrar de uma coisa. Não preciso dar satisfações a vocês! Então podem continuar molhando suas calcinhas enquanto eu vou procurá-lo no estacionamento. Divirtam-se na festa, comprem lingeries devassas e pelo amor de Deus, não fiquem grávidas.
Ouvi as duas rirem de minha resposta ácida, já sabendo que eu não fazia a simpática quando o assunto era aquele. Uma mulher precisa deixar bem claro que seu território não seria invadido, e eu não media esforços para realizar essa tarefa com excelência.
Deixei o prédio, imediatamente grata pelo tempo agradável daquele meio-dia, e nem precisei procurar muito. Com os braços cruzados firmemente sobre o peito, cobertos por sua jaqueta preta, ele me esperava sobre sua moto amarela, examinando todos os alunos que conversavam descontraidamente ao seu redor com o cenho franzido pela luz do sol por detrás de seus óculos escuros. Assim que comecei a caminhar em sua direção, um dos lados de sua boca se ergueu num sorriso milimétrico, e mesmo estando a metros de distância, me arrepiei. Que indignação adorável aquele charme me trazia.
- Você precisa parar de seduzir minhas amigas – falei tediosamente quando cheguei até ele, que agora estava de pé me esperando – Qualquer dia elas me prendem no banheiro e te atacam. É sério.
Niall soltou uma risada rouca ao lançar um olhar breve para o portão por onde eu havia saído, recebendo dois acenos promíscuos de Ashley e Dianna. Revirei os olhos pela décima nona vez.
- Que amigas? - ele perguntou, dissimulado, me puxando pelo pulso até me aprisionar num abraço apertado e aproximar seu rosto do meu de forma que seus lábios roçassem nos meus a cada palavra que ele dizia – Não vi ninguém... Estava distraído imaginando o conteúdo dessas suas calças justas pra notar as outras pessoas.
Dei um sorriso desconfiado, um tanto embriagada com sua respiração tão próxima da minha e o perfume que vinha dele. Ele era, facilmente, o amontoado de células mais odiosamente atraente que existia.
- Não estou convencida – resmunguei, vendo-o dar um sorriso sujo e erguer uma sobrancelha. Postando suas mãos em minha cintura, Niall me puxou para ainda mais perto e venceu a distância restante entre nossos lábios, beijando-me calmamente. Agarrei sua jaqueta, sorrindo ao perceber que ele me torturava com os movimentos vagarosos de sua língua, e admiti minha derrota.
- Já está convencida agora? Porque eu posso fazer isso de novo, e de novo, e outra vez... - ele murmurou, aproximando sua boca de meu ouvido enquanto eu amolecia em seu abraço. Golpe baixo detectado.
- Você é terrível – suspirei, fechando os olhos com a respiração baixa dele contra minha pele. Maldito feitiço que ele colocou em mim.
- Eu tento – ele riu baixo, voltando a me encarar com a expressão divertida, e percebendo que um grupo de estudantes prestava certa atenção em nós, mudou-a para algo entre a confusão e o desprezo – Vamos sair daqui?
- Por favor – concordei, rindo ao me aproximar da moto enquanto ele retirava o capacete extra do bagageiro e o oferecia a mim.

- E aí do nada veio esse barulho horrível e agudo, e todo mundo achou que fosse um alarme de incêndio ou algo do tipo, porque sério, era muito alto – relatei, falando depressa demais sem perceber – Até que eu vi que o som era nada mais, nada menos que o grito de um cara!
- Quê? Um grito? – ele perguntou enquanto parava a moto no estacionamento do prédio após nosso almoço num restaurante italiano. Não agüentei e comecei a rir, lembrando-me da cena.
- É, ele deve ser metaleiro, porque tinha um cabelo enorme e tava dando o agudo mais agudo que eu ouvi na vida no meio do pátio da faculdade! – expliquei, ouvindo-o gargalhar comigo ao imaginar a cena bizarra - Eu não conseguia nem respirar de tanto rir, foi muito engraçado.
- Meu Deus, esse cara deve ter fumado muita erva pra ter feito uma coisa dessas – Niall comentou, tirando o capacete ainda sem parar de rir – Tô começando a achar que você corre perigo naquela faculdade.
- Nah, eu vou ficar bem – falei, fingindo que fumava um baseado, e ele riu mais ainda. Me livrei de meu capacete também e descemos da moto, caminhando até o elevador.
- Deixa que eu levo isso pra você, tá pesado – ele pediu, pegando minha bolsa com estampa de docinhos e ursinhos felizes e colocando em seu ombro – Além do mais, fica bem melhor em mim.
Cerrei os olhos, vendo-o desfilar ao meu lado parecendo a Gisele Bündchen com labirintite e alguns quilos a mais de massa muscular.
- Olha, o grito do metaleiro drogado da faculdade eu até agüento, mas você levando minha bolsa e andando como se estivesse constipado não dá – avisei, tentando me manter séria, o que deu totalmente errado depois que ele virou o rosto pra mim com uma expressão ofendida digna de Kelly Smithers – Me dá isso aqui, Horan!
- Tá bom, foi mal – ele disse ao me devolver a bolsa, e logo em seguida me pegou no colo, fazendo-me gritar de susto – Agora vou ser bem macho pra compensar.
- Gostei dessa idéia – sorri, abraçando-o pelo pescoço e aproveitando a carona sempre bem-vinda.
Chegamos ao apartamento sem demora, e ele se sentou no sofá, ainda me carregando. Ri alto de alguma besteira que ele disse, e mal pude retomar o fôlego, já que Niall me beijou assim que minha gargalhada cessou. Massageei sua nuca com as pontas de meus dedos, arranhando suavemente e bagunçando os cabelos dali enquanto minha língua viajava por sua boca e as mãos dele, pelo interior de minha blusa.
- Vai dormir aqui hoje? – ele murmurou quando partimos o beijo, porém ainda com os rostos muito próximos – E amanhã também?
- Se você quiser... – suspirei, e recebi um movimento positivo de cabeça como resposta – Sim, senhor.
Niall contorceu o rosto ao me ouvir, e simulou um choro.
- Nem me fale a palavra senhor – ele gemeu, abaixando a cabeça e tocando sua testa em meu ombro – Eu vou fazer 31 anos, (S/N). Trinta e um! Quer dizer... Eu quase poderia ser seu avô!
Revirei os olhos diante de tanto drama, e dei risada daquela crise de meia idade.
- Por favor, Niall, isso é ridículo – falei, olhando-o com ceticismo quando ele voltou a erguer a cabeça – Meu avô? Impossível. Nem meu pai você poderia ser exatamente, a não ser que engravidasse uma garota aos treze anos.
- Pff... Eu até teria tentado, mas a única pessoa que me dava chances naquela época era meu primo – ele pensou alto, encarando-me com a expressão enojada que eu também ostentava – Acho que até hoje o sonho da vida dele é que eu... Deixa pra lá.
Fechei os olhos, rindo só de imaginá-lo com treze anos sendo azarado pelo próprio primo. Bem que dizem que primos nunca são só primos...
- Voltando ao assunto – sugeri, lançando-lhe um olhar firme – Você não tem que se sentir velho, pelo amor de Deus. Pelo contrário, você ainda é jovem e tem muita coisa pra viver. Além do mais, muitos caras da sua idade já são calvos, barrigudos e presos às suas vidas conjugais frustrantes, enquanto você ainda está lindo, gostoso e livre para fazer o que quiser. Resumindo: pare de reclamar, homem!
Niall arregalou levemente os olhos, parecendo convencido por meus argumentos, ou talvez amolecido por meu tom autoritário ao inflar seu ego. Conhecendo-o como eu o conhecia, com certeza a segunda opção era a correta.
- Obrigado pela revolta – ele riu, fazendo-o também com os olhos de uma maneira que sempre me fazia sorrir junto - Mas eu não estou exatamente livre para fazer o que quiser... A não ser que isso tenha sido um pé na bunda e eu não tenha percebido.
Revirei os olhos mais uma vez, agora também bufando. Porque raios ele estava levando tudo que eu estava dizendo ao pé da letra? Talvez ele estivesse mesmo em crise.
- Você acha mesmo que vai se livrar de mim tão fácil assim? – falei, erguendo as sobrancelhas num tom esnobe – Pois saiba que no dia em que eu te der um pé na bunda, vai ser colossal! Eu vou arrancar muito dinheiro de você, ou como dizem, vou arrancar até suas calças, e ainda vou espalhar pra todo mundo que você usava minhas roupas quando estava sozinho em casa e gravava vídeos interpretando o musical Chicago para postar no MySpace!
Niall jogou a cabeça para trás, recostando-a no sofá, e não parou de rir desde que eu havia começado a falar num ar sensacionalista.
- Nossa, espero que isso não aconteça tão cedo – ele disse, forjando temor enquanto voltava a me olhar – Se bem que a parte de você arrancar minhas calças soou bem interessante...
- A parte de você usando minhas roupas, nem tanto! – dei risada, recebendo um tapa em minha coxa.
- Que bom, porque se isso fosse um fetiche seu, você morreria insatisfeita – ele avisou, transtornado, arrancando mais gargalhadas minhas.
- Se bem que você ficou fofo naquele dia em que você me deixou encher seu cabelo de presilhas coloridas... – lembrei, voltando a rir assim que ele me lançou um olhar mortífero.
- Deixei coisa nenhuma, eu estava dormindo! – Niall justificou, enfezado, e eu apenas fiz uma cara sapeca – A gente pode parar de falar disso? Vou entrar em crise de novo.
- Não, não, sem crise, desculpa! – murmurei, puxando seu rosto devagar na direção do meu e beijando-lhe calmamente. Ele sorriu ao retribuir, postando as mãos em minhas costelas e puxando-me para si com delicadeza. Acariciei seus ombros com as palmas de minhas mãos, mordendo seu lábio inferior e sem pressa deixando-o deslizar por entre meus dentes.
- É... Acho que com mais alguns desses, minha crise some – ele murmurou, deslizando sua mão de minha coxa para meus glúteos e apertando o local. Não pude evitar um sorriso repreensivo, retribuindo o tapa que havia recebido na perna, só que em seu braço. Voltei a beijá-lo, empurrando-o pelo peito com as duas mãos e me apoiando ali para passar uma de minhas pernas para o outro lado de seu corpo.
Ficamos alguns minutos entre poucas risadas bobas e várias indecências leves, até que um ruído começou a emanar das calças de Niall, e somente após algum esforço, percebemos que era seu celular tocando dentro do bolso. Com um Merda entre dentes, ele pegou o aparelho, e soltou um suspiro resignado ao ver o número no visor.
- Quem é? – sussurrei, curiosa, porém ele atendeu sem me responder. Pelo menos não diretamente.
- Oi, mãe.
Meus olhos se arregalaram assim que ele atendeu à chamada. Eu nunca o havia visto falar com algum parente, muito menos a mãe. Ele já havia me falado sobre ela algumas vezes – como meu pai costumava dizer, um cupcake humano: tão adorável de olhar que até dava pena de comer (o que eu achei meio rude) -, mas nada se comparava a uma ligação. Eu me mordia de curiosidade para ver como ele reagiria a um contato direto com a família.
- Tudo, e com a senhora? – ele falou, dando um sorrisinho amigável, e eu aproximei meu ouvido do aparelho, tentando ouvir o que ela dizia.
- Tudo ótimo, filho – a senhora Horan disse, e eu instantaneamente imaginei uma mulher muito doce devido à sua voz carinhosa (ela devia parecer um cupcake mesmo) – Você sabe por que estou ligando, não sabe?
- Hm... Porque amanhã é meu aniversário? – Niall chutou, fazendo uma careta ao mencionar o fatídico evento.
- Também... Mas tem outro motivo – ela respondeu, um tanto empolgada, o que só me fez imaginá-la ainda mais adorável – Este ano, anteciparemos a reunião familiar. Ben precisará passar por um procedimento cirúrgico no próximo mês, e decidimos mudar a data da reunião para este domingo.
Niall ficou sério por poucos segundos, e eu me perguntei se isso se devia à operação do tal Ben ou à antecipação da reunião familiar. Ou pelos dois.
- Este domingo? – ele repetiu com desanimação, e jogando a cabeça para trás – Mãe, é realmente necessário que eu vá? Eu tenho compromissos...
- Que bom, querido, mamãe fica muito feliz por saber que você virá! – ela o interrompeu, como se sequer tivesse ouvido os protestos do filho, e eu não pude evitar uma risadinha – Seu quarto já está pronto, pode vir hoje mesmo se quiser.
- Só a senhora pra me fazer dirigir por horas no meu próprio aniversário – ele bufou, já resignado, o que eu achei surpreendente e engraçado ao mesmo tempo – Ninguém tem pena de mim nessa família.
- Ah, e prepare-se: seu pai está louco pra consertar aquele Camaro antigo que mais parece uma múmia de um Transformer na garagem – ela complementou, no legítimo tom de socialite falando sobre algo que julga fútil – Vai sobrar pra você fazer aquela sucata andar de novo, ou pelo menos, parecer que anda.
- Mãe, desde quando a senhora sabe o que é um Transformer? – ele perguntou por impulso, surpreso com o nível de modernidade da mãe, mas logo sacudiu a cabeça rapidamente e voltou ao assunto principal, me fazendo rir – Tudo bem, eu conserto o Camaro. Já tinha prometido que faria isso desde a última reunião.
- Então está tudo certo, apareça quando quiser – ela disse, parecendo bastante feliz com o combinado – E se quiser, traga a sua namorada, ou como preferir chamá-la.
Niall me lançou um olhar de dúvida, e alguns segundos depois, um sorrisinho torto surgiu em seus lábios.
Oi? Eu ouvi direito ou estava alucinando? Como ela sabia que eu existia? Ele já havia falado sobre mim? O que ele havia dito?
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- Pode deixar, mãe – ele concordou, satisfeito, e sua mãe desligou com um Até logo, querido.
Fiquei em silêncio, já prevendo o convite que estava por vir, mas sem conseguir ficar totalmente empolgada com ele. Era algo que eu queria, e muito, mas... Eu tinha medo. Quer dizer... E se não gostassem de mim? Eles tinham muito dinheiro, podiam muito bem me rejeitar por eu não estar à altura de pertencer, de certa forma, àquela família, financeiramente falando. Eu sabia que Niall não ligava para esses padrões, mas era a família dele... E se isso nos prejudicasse de alguma forma?
Lendo minha expressão insegura, ele largou o celular no sofá e suspirou, me encarando com tranqüilidade.
- Sei que parece monstruoso... – ele disse, inclinando um pouco a cabeça para o lado - Mas acredite, eles mal podem esperar para conhecer a pessoa que finalmente fisgou Niall Horan.
Abaixei um pouco a cabeça, sorrindo fraco e pensando no que poderia dar tão errado assim. Talvez eu estivesse sendo um pouco preconceituosa, rotulando aquela família por seu status social. Niall era um ótimo exemplo de que nem todos ali selecionavam seus contatos pelos números em sua conta bancária.
Voltei a encará-lo, já com um sorriso um pouco mais aberto e o olhar mais confiante. Vi seus lábios imitarem a curvatura dos meus, e enquanto colocava algumas mechas de meu cabelo suavemente para trás de minhas orelhas, ele oficializou o convite:
- E então... Pronta para conhecer minha família?



CONTINUA...

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