segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

FanFic - Biology 2 Capítulo 14





No caminho para meu quarto, espiei pela fresta do cômodo ocupado, vendo-a ainda imóvel, do mesmo jeito que a havia deixado. Engoli em seco, revirado demais internamente para entender o que de fato havia acontecido nas últimas horas, e especialmente, nos últimos minutos. Exausto, segui até o banheiro e recolhi o vestido de (S/N), ainda abandonado no chão. Encarei a peça de roupa, sentindo minha cabeça (e outra parte de meu corpo) latejar. Por que tudo não podia simplesmente se acertar? Por que tinha que ser tão difícil? Por que eu não conseguia pensar na imagem dela se despindo diante de mim sem me lembrar de que ela ainda pertencia a outro, e que nem mesmo no estado calamitoso em que se encontrava, completamente fora de si, ela cogitava a hipótese de querer estar comigo?
Eu realmente tinha feito tudo errado.
Sem um pingo de dignidade restante, levei seu vestido comigo até minha cama, e durante a noite, que passei praticamente toda em claro, sonhei acordado com o dia em que ela enfim ocuparia o espaço vazio em meu colchão.

Fim do flashback

Revisitar aquela noite não foi tarefa fácil. Me peguei com o coração acelerado ao recordar a dor da rejeição inconsciente de (S/N), ainda mais reforçada por sua reação no dia seguinte, ao acordar. Não foi à toa que bati o carro naquela manhã; depois de ter passado por toda aquela turbulência, era o efeito colateral mínimo que eu deveria esperar.
E lá estávamos nós novamente. Ela não estava bêbada dessa vez (amém), e não havia um terceiro elemento entre nós, mas a situação de certa forma se repetia: cada um dormindo em um canto (ou pelo menos tentando), sozinhos e mal resolvidos.
Por que continuava sendo tão difícil?
Incapaz de permanecer deitado, fiquei de pé e subi silenciosamente os degraus, disposto a nem sequer olhar para a porta do quarto de (S/N) em meu trajeto até o banheiro. Quem sabe jogar um pouco de água gelada em meu rosto ajudasse a acalmar os ânimos.
Encarei meu reflexo um tanto corado no espelho, e me concentrei em normalizar minha respiração um tanto errática antes de abrir a torneira e lavar o rosto. Minhas mãos tremiam levemente, por um motivo que eu conhecia muito bem: abstinência.
Travei o maxilar, disposto a resistir bravamente, e deixei o banheiro. Eu podia fazer isso. Já havia conseguido uma vez, era perfeitamente capaz de fazer de novo. Mas dessa vez, não havia nenhum impedimento. Ela estava lúcida. Ela estava em casa. E principalmente...
Ela queria estar comigo.
Minha confiança esmoreceu significativamente ao me imaginar entrando em seu quarto depois de todos aqueles meses e me juntando a ela na cama... Eu a acordaria com um beijo no pescoço e um braço ao redor de sua cintura; ela sorriria, surpresa ao me encontrar ali, como num sonho bom.
Como eu queria...
Meus pés me levaram até a porta entreaberta de seu quarto, e em meio à escuridão de seu interior, o que vi me alarmou de imediato, por ser totalmente inesperado.
A cama estava vazia. (S/N) não estava lá.
– Aí está você.
Pulei de susto ao ouvir uma voz atrás de mim, e me virei em sua direção, deparando-me justamente com quem procurava. Ela sorria calmamente para mim, com um copo d’água nas mãos, e ao examinar meu rosto, ainda que encoberto pela penumbra, franziu a testa.
– O que houve?
– N-nada – balbuciei, respirando fundo para me recuperar do susto e da vergonha por ter sido pego no flagra espiando seu quarto – Eu só... Vim ver se estava tudo bem.
(S/N) reprimiu um risinho esperto, perfeitamente ciente de minha desculpa esfarrapada, e assentiu.
– Está tudo bem, sim... Só fiquei com sede.
Assenti de volta, sem conseguir manter contato visual. Eu era um idiota.
– Entendi.
Um silêncio tenso caiu sobre nós, que eu não fazia ideia de como quebrar, até que ela suspirou e disse:
– Então... Boa noite.
– Boa noite – respondi prontamente, ansioso por uma oportunidade de correr para longe daquela situação absurdamente embaraçosa, mas ao mesmo tempo, incapaz de me mover, ainda tomado por um desejo monstruoso de puxá-la para mim e fazer todas as coisas que tanto desejei na noite que havia assombrado minha memória há alguns instantes. Meu coração parecia prestes a explodir, batendo freneticamente em meu peito, e o ar parecia me faltar ao tê-la tão perto, vestindo apenas um de seus pijamas ridiculamente adoráveis. Notando minha hesitação, ela também permaneceu imóvel, como se compactuando com minha vontade de jogar tudo para o alto e apenas seguir o que cada centímetro de nossos corpos gritava.
No entanto, tudo que fiz foi caminhar na direção oposta a seu quarto, retomando o trajeto que fiz ao subir as escadas e rapidamente chegando ao sofá, onde passei o resto da noite me amaldiçoando por tê-la deixado sem sequer um beijo de boa noite.
(S/N) não veio me procurar. Ela tinha todos os motivos do mundo para não fazê-lo. Eu tinha todos os motivos do mundo para me odiar por isso.
Por que tudo não podia simplesmente se acertar?

– Bom dia.
Abri um olho ao ouvir o cumprimento inesperado assim que me levantei do sofá, e respirei fundo na tentativa de parecer menos exausto após a noite passada em claro.
– Bom dia – murmurei de volta, educadamente me escorando na entrada da cozinha, e enfim sua imagem entrou em foco. (S/N) estava em pé ao lado da mesa, despejando cereal numa tigela. Ao perceber meu cansaço, franziu a testa de leve.
– Te acordei? – ela indagou inocentemente – Desculpe.
Balancei a cabeça em negação, sem forças para gaguejar uma resposta, ainda mais depois de perceber suaves círculos escuros sob seus olhos. Pelo visto, não só a minha noite tinha sido péssima.
Procurei afastar tal pensamento de minha mente assim que ele surgiu. Estava cedo demais para me afundar em culpa e arrependimento.
– Não, eu... Já estava acordado – disse, mesmo que já tivesse respondido sua pergunta. A necessidade de manter meu raciocínio ocupado com qualquer tarefa era minha única esperança de não acabar balbuciando algo que não deveria ou me perder em devaneios impróprios.
(S/N) assentiu lentamente, sentando-se numa das cadeiras e hesitando por um momento, com o olhar baixo, antes de pegar a caixa de leite sobre a mesa e adicioná-lo ao conteúdo da tigela. Um breve silêncio se instaurou, até que ela voltou a erguer os olhos e sorriu fraco.
– Quer? – ela perguntou, um tanto tímida, indicando seu café da manhã – Eu disse que não ia dividir, mas era mentira.
Seu tom redimido me fez soltar um risinho baixo, porém verdadeiro. Ela realmente achou que eu levaria sua brincadeira a sério? Sempre tínhamos brigas fajutas como aquela quando...
Engoli em seco; o sorriso desapareceu rapidamente.
– Obrigado – falei apenas, e se não fosse pelo monstro rosnando em meu estômago, teria recusado sua oferta. Ocupei a cadeira à sua frente, passando no caminho por um dos armários e pegando uma tigela, e me servi sem dizer mais nada.
Apesar da postura amigável que ambos mantínhamos, algo havia mudado. A tensão entre nós havia retornado, e parecia furiosa por ter sido suspensa na noite anterior. Já não era mais tão fácil ignorar tudo o que pesava sobre nossos ombros, e o reflexo disso estava em nossas pálpebras pesadas, privadas de descanso por longas horas. O passado, nosso passado, batia incessantemente à porta de nossas consciências a cada olhar lançado, a cada palavra trocada, e nosso encontro inesperado (e frustrado) no corredor foi o divisor de águas nessa mudança brusca, eu tinha certeza disso.
Longos minutos se passaram, e nós apenas comemos, sem ousarmos desviar nossas atenções dos flocos coloridos em nossas tigelas. Terminamos nossa refeição praticamente ao mesmo tempo, e como se já não tivéssemos preocupações suficientes, resolvemos ter a mesma ideia ao mesmo tempo: suas mãos envolveram a tigela à sua frente, e meu braço se estendeu para alcançá-la, com a mesma intenção de levá-la até a pia.
Nossas mãos frias se encontraram sobre a cerâmica, e de imediato, o rosto de (S/N) ardeu, enchendo-se de cor. Meu coração bateu feito doido no peito; eu estava perfeitamente acordado.
– D-desculpe – gaguejei, meu olhar acertando o dela em cheio, ambos igualmente surpresos e embaraçados. Minha mão continuou sobre a dela, e por mais que a razão ordenasse que eu a retraísse instantaneamente, como se a tivesse exposto ao fogo, nada me parecia mais agradável do que mantê-la entre as chamas.
Ela abriu e fechou a boca algumas vezes, imóvel, antes de balançar negativamente a cabeça e baixar seus olhos para o fundo da tigela. Observei seu peito subir e descer num ritmo mais acelerado que o comum. (S/N) estava claramente lutando com todas as forças que ainda lhe restavam... E que com certeza eram mais eficientes do que as minhas, pois enquanto eu ainda mantinha meu braço esticado para tocar sua mão, ela se levantou de súbito, levando sua tigela consigo, e seguiu até a pia.
Assim que o encanto se quebrou e eu pude raciocinar novamente, uma culpa horrível me engoliu. Fechei os olhos, incapaz de acreditar que havia sido tão fraco. Eu havia imposto aquela distância, e ela fora a única de nós dois a se lembrar disso. Era inaceitável de minha parte ser tão fraco em sua presença... Mas, por maiores que fossem meus esforços, me parecia ainda mais inaceitável resistir. Cada célula em meu corpo vibrava na direção dela, me impelindo a estar sempre o mais próximo possível, e lutar contra esse magnetismo era desgastante, exaustivo demais. Eu me recordava de momentos de cansaço não apenas psicológico, mas que beirava também o físico, durante o tempo em que era seu professor. Me lembro de encerrar as aulas me sentindo drenado, esgotado por passar tanto tempo medindo cada gesto e tomando as devidas precauções para não me aproximar demais.
E agora isso... Mais do que nunca, eu precisava me manter afastado, precisava seguir minhas próprias decisões, e havia falhado. Eu realmente tinha perdido o jeito. Agora, que eu sabia o que era poder tocá-la sem restrições, não poder orbitar livremente ao seu redor era inconcebível.
Quando enfim retomei o controle, suspirei profundamente e abri os olhos, dirigindo-os a ela sem me acovardar.
– (S/N)...
Assim que ouviu seu nome, ela se sobressaltou, e seus ombros se encolheram instintivamente, como se ela estivesse no limite de seu autocontrole e qualquer ação minha pudesse ser a gota d’água. Tal movimento brusco fez com que a tigela, já envolta em espuma, escorregasse de sua mão e caísse dentro da pia. O impacto quebrou a louça com estrondo. Me levantei num pulo e corri até ela, totalmente comandado pela preocupação.
– Está tudo bem – ela avisou, numa voz trêmula, sobrecarregada de retenção, ao perceber minha aproximação – Não foi nada, está tudo bem.
Seus olhos permaneceram baixos, e seu rosto ainda queimava de vergonha por sua reação intensa. Segurei seus pulsos e inspecionei cada centímetro de pele, buscando algum machucado em meio à espuma que cobria parte de suas mãos. Levei-as até o jato de água que saía da torneira, com o intuito de enxaguar o detergente, e assim que o fiz, (S/N) se encolheu novamente, e seu rosto se contorceu de dor. Quando a água lavou toda a espuma, pude ver o corte razoável que um dos cacos havia aberto numa de suas mãos.
Respirei fundo ao perceber que ela havia se ferido, e senti minha culpa aumentar infinitamente. Porém, o filete de sangue que escorria de seu machucado, sendo imediatamente estancado pela água corrente, fez com que meu cérebro ativasse o piloto automático, e eu não me permiti pensar em outra coisa a não ser cuidar dela.
– Onde fica o kit de primeiros socorros? – murmurei, tentando soar calmo para que ela não se assustasse. Eu sabia que ela era durona quando se tratava do sangue dos outros, mas bastava um corte de papel na ponta do dedo para que seus olhos se enchessem de lágrimas.
– No banheiro, lá em cima – ela respondeu, baixo.
– Deixe a mão sob a água, está bem? – adverti, penalizado pelo tom nervoso de sua voz – Eu já volto.
Mal esperei que ela assentisse para voar escada acima; revirei o banheiro até achar o que procurava e voltei para ela, que permaneceu na mesma posição durante o meio minuto em que a deixei.
– Pronto – falei, um tanto ofegante, me aproximando e fechando a torneira – Vem.
Posicionei uma toalha de rosto sob seu braço para que ela me acompanhasse até a mesa, e dessa forma ela o repousou sobre a superfície de madeira, sentando-se no lugar que antes ocupava. Puxei a cadeira mais próxima e também me sentei para cuidar do ferimento.
– Está doendo muito? – questionei enquanto pegava o antisséptico do kit e uma bolinha de algodão, mal tirando os olhos de (S/N), que negou com a cabeça – Fique tranquila, vai ser rápido.
Ela engoliu em seco, ciente de que o que estava por vir não seria exatamente agradável, e eu rezei para que não fosse um corte profundo. Observei o machucado enquanto embebia o algodão no remédio, e o sangue parecia ter sido contido pela água, o que era um ótimo sinal. Se ela realmente precisasse de atendimento médico, o corte provavelmente teria sangrado desde que fechei a torneira. Tal constatação ajudou a me acalmar, pelo menos minimamente.
– Respire fundo – pedi, sem conseguir evitar comentários reconfortantes diante de seus olhos já levemente chorosos. Suavemente, passei minha mão livre sob a dela, da mesma forma que havia feito por acidente alguns minutos atrás, e meu polegar automaticamente acariciou a pele úmida, tentando transmitir apoio. Ela se arrepiou, como sempre acontecia quando nossos corpos estabeleciam qualquer forma de contato físico, e nossos olhos foram compelidos a se encontrarem.
Diferentemente da primeira vez em que segurei sua mão, não nos sentíamos culpados, apenas conectados. Ela soltou o ar que involuntariamente havia prendido, relaxando visivelmente devido ao meu toque, e por um instante, eu me esqueci de tudo.
Pisquei repetidas vezes para retomar o foco, e me concentrei em limpar o ferimento, que já voltava a apresentar um leve sangramento. Seguindo meu próprio conselho, respirei fundo e pressionei o algodão com delicadeza sobre o corte. Ambos reagimos por reflexo: ela tentou retrair a mão, e eu a segurei no lugar. (S/N) mordeu o lábio, reprimindo uma reclamação, e eu continuei minha tarefa, sem pressa, porém sem estender demais a tortura. Estava quase terminando quando percebi que ela havia relaxado novamente, acostumada à ardência, e pude sentir seu olhar sobre mim.
– Você se lembra... – ela murmurou, interrompendo a frase para segurar um gemido de dor devido ao efeito do antisséptico sobre o corte – De quando me deixou dirigir sua moto... E eu fui um completo desastre?



CONTINUA...

5 comentários:

  1. Continua.Esses dois tem que voltar logo,estou vom saudades dos momentos fofos( e hots tbm rsrs).Sua fic é perfeita e muito viciante!

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  2. Essa fic é muito perfeitaa !!! *0*
    Continua logooooooo !!
    :) xx

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  3. Posta logo a fic toda de uma vez pfvr kk. Não aguento mais esperar tanto tempo assim pra ler os próximos capítulos . Sua fic é perfeita e isso não é puxa saquismo kkkkkk. Pra mim gostar de u. Fic a tem que ser A FANFIC e a sua e A FANFIC A+. CONTINUAAA LOGOOOO PFVR !

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    1. Kkkkkkkkk brigadinhooo mais não sou eu que escrevo essa fic ela é da vee mais como eu tbm sou apaixonada por essa fic resolvi postar aki

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