quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

FanFic - Biology 2 Capítulo 13




Niall Horan’s POV



– Boa noite.
Minhas palavras vieram acompanhadas de um sorriso, em parte grato, em parte pesaroso. Meus olhos seguiram o caminho que ela fez, do sofá até as escadas, e dali até sumir de vista, e no instante em que não pude mais vê-la, meu peito ardeu de saudade. Não sei por quanto tempo fiquei observando os degraus, talvez rezando para que ela reaparecesse, talvez rezando para que ela nunca o fizesse.
Algumas horas haviam se passado desde minha chegada, preenchidas por algumas conversas tímidas, porém revigorantes. A tensão havia se dissipado consideravelmente, permitindo que nos comportássemos como velhos amigos, o que não era de todo inédito entre nós, mas foi uma boa surpresa, considerando o contexto em que nos encontrávamos.
(S/N) sempre conseguia me surpreender da melhor forma possível. Isso eu aprendi a jamais subestimar.
Quando enfim pude desgrudar os olhos das escadas, eles caíram sobre o canto do sofá no qual ela havia se encolhido por boa parte da noite, e de onde ela conversou comigo, riu comigo, existiu comigo. O nível de saudade que eu sentia era insuportável, beirando o patológico. E não era apenas no aspecto amoroso.
Sim, eu a amava. Ao posicionar meu travesseiro sobre o local antes ocupado por ela e então repousar minha cabeça sobre ele, nenhum outro pensamento restava em minha mente a não ser esse: eu a amava. Demais, até demais. E era exatamente por amá-la tanto que eu não me importei com o fato de não poder tocá-la, como sempre adorei fazer. Era estranho demais poder conversar com ela de uma forma tão tranquila e não poder puxá-la para mim, acomodá-la em meu colo (onde ela já admitiu, mais de uma vez, que prefere ficar, ao invés de simplesmente ao meu lado), ou então deitar minha cabeça sobre o dela e deixar que seus dedos bagunçassem meus cabelos... Tudo era muito estranho quando havia uma barreira invisível entre nós.
E eu era o único responsável pela existência dela.
Respirei fundo, tentando lutar contra os sentimentos ruins que já começavam a se aglomerar em meu peito. Ela mal havia me deixado sozinho e eu já estava estragando tudo.
Forcei meus olhos a se fecharem, e com algum esforço, consegui relaxar um pouco. Dormir seria impossível, estando tão próximo dela num lugar onde não havia absolutamente ninguém a não ser nós dois.
Assim que meu cérebro chegou a essa conclusão, meus olhos se abriram repentinamente, e meu coração deu um salto, quase me escapando pela boca.
A situação era familiar demais.

Flashback – cerca de um ano atrás

– (S/N)?
Franzi a testa, sem tirar os olhos do trânsito quase inexistente. Estávamos nos afastando cada vez mais da casa de Kelly, e ela ainda não havia me dado seu endereço. Eu podia ter sido um canalha de marca maior e o descoberto por meios nem um pouco éticos há muito tempo, mas eu sabia que quando soubesse onde ela morava, acabaria cometendo uma loucura (por exemplo, encheria a cara uma noite qualquer e acabaria soltando o verbo para a primeira pessoa que aparecesse à porta depois que eu tocasse a campainha).
Já estava começando a me arrepender de ter contido minha curiosidade; decidi tentar novamente.
– (seu sobrenome)?
Parei em um semáforo fechado, e aproveitei a oportunidade para me utilizar de métodos mais incisivos para fazê-la responder. Virei seu rosto em minha direção, com todo o cuidado do mundo (ela bem que seria capaz de arrancar minha mão com os dentes se percebesse que eu a estava tocando), e confirmei minhas suspeitas.
(S/N) estava dormindo.
– Pirralha maldita – resmunguei, já prevendo a dor de cabeça que toda aquela bagunça me traria. E era tudo culpa da Smithers. O que aquela idiota tinha na cabeça ao convidar a (seu sobrenome) para uma das suas festinhas demoníacas?
Eu não sabia quem estrangular primeiro: Kelly, por ser tão irritante, ou (S/N), por estar tão... Inconsciente.
A palavra não soava muito convidativa. Inúmeras vezes me peguei imaginando como seria tê-la em meu carro, sentada no banco do carona, cantarolando alguma música que eu não conhecia junto com o rádio ou então apenas olhando pela janela, com os cabelos bagunçados pelo vento, falando uma coisa ou outra com os pés apoiados no painel.
Nenhuma das imagens que criei em minha mente fértil chegavam ao nível doentia que a realidade diante de mim apresentava.
– (S/N) – chamei mais uma vez, dando leves tapinhas em seu rosto, mas foi em vão. A única reação que recebi foi um gemido baixo quando meu dedão esbarrou no canto de sua boca, e foi então que percebi a pequena mancha de sangue na extremidade de seu lábio inferior. A imagem da cena que encontrei no banheiro da casa de Kelly, onde imaginei que seu pequeno machucado tivesse sido criado, assombrou minha mente; se eu visse aquele pivete de novo, ele nunca mais veria qualquer outra coisa a não ser meu punho colidindo com sua cara.
Respirei fundo para dispersar o álcool ainda correndo em minhas veias, e fixei meu olhar na rua deserta adiante. Minha consciência, ou pelo menos a parte sóbria dela, alertava que eu estava prestes a tomar a decisão mais errada de toda a minha vida, mas meu cérebro levemente entorpecido não me permitia enxergar nenhuma outra solução.
Então, quando o sinal abriu, eu acelerei o carro e a levei para minha casa.
É, eu sei. Que puta cagada. Mas o que mais eu poderia fazer àquela hora da noite?
Ligar para Harry não era uma opção. Era culpa de sua idiotice que (S/N) estava naquele estado, nada mais justo que deixá-lo de fora da jogada. Além do mais, ele era um idiota, e acabaria estragando tudo; um professor envolvido naquele rolo já era suficiente, ela não precisava de dois para tornar todo o acontecimento ainda mais difícil de explicar.
Pegar seu celular e ligar para sua mãe ou para sua melhor amiga? A mera hipótese de falar com uma delas me deu calafrios. Eu acabaria sendo crucificado, e com a sorte que eu tinha, (S/N) acabaria se esquecendo de tudo que aconteceu, e colocaria a culpa em mim por ter se embriagado tanto, ou algo igualmente inconcebível.
De qualquer forma, ela me odiaria ainda mais. Então por que não escolher a opção que mais me favorecia?
Não me entenda mal, eu não pretendia tirar proveito de sua vulnerabilidade. Eu jamais faria algo do tipo, nem mesmo com ela. Só de pensar no assunto meu estômago se revirava de horror. Não... Um dia, eu não só a levaria para minha casa muitíssimo acordada, como também por sua própria vontade.
Hoje, eu só queria cuidar dela. Amanhã, quando recuperássemos os sentidos definitivamente, ela poderia pensar em como se explicar para os outros, e eu pensaria em como me explicar para ela.
Cheguei sem demora ao meu prédio, e assim que estacionei, deixei o veículo e o circundei para abrir a porta do passageiro. (S/N) continuava apagada, dormindo como se não houvesse amanhã. Por um instante, me perguntei se seria necessário levá-la a um hospital, mas bastou checar brevemente seus sinais vitais para perceber que ela apenas estava num estágio profundo de sono; a experiência de passar por isso inúmeras vezes nos anos de faculdade também ajudou a me tranquilizar.
– (S/N)? – tentei pela trigésima segunda vez, chacoalhando-a pelos ombros, e novamente, não funcionou. Esfreguei o rosto com as mãos, tentando entender como aquela noite havia virado de cabeça para baixo tão rapidamente, e, com o foco retomado, passei meus braços por baixo de seu corpo, um por sob seus joelhos, outro por sua cintura.
Como se tivesse esperado por isso desde que adormecera, ela envolveu meu pescoço com seus braços preguiçosamente, e soltou um suspiro contra meu pescoço. Precisei de um momento para me recuperar do choque (e, claro, da explosão de pensamentos impuros) que sua reação inconsciente causou, e só então pude me mover. Virei na direção do elevador, empurrei a porta do carro com o calcanhar e ativei o alarme, fazendo malabarismos para não derrubá-la no processo. Sorte dela que eu era bom em manusear mulheres, ainda que eu preferisse as minimamente lúcidas.
Não sei como sobrevivi à respiração serena dela em meu pescoço, mas de alguma forma, consegui me manter são durante o trajeto vertical do elevador. Assim que as portas se abriram, caminhei até o sofá, e a deitei sobre ele. Na penumbra do apartamento, pude ver que ela agora tinha a testa levemente franzida; afastei uma mecha de cabelo de seu rosto, o mais suavemente possível, e ela abriu os olhos. Meu coração quase saltou pela boca ao vê-la acordada. Ela não esboçou reação, apenas me encarou, confusa, por alguns segundos.
Quando enfim me reconheceu, um certo pânico preencheu seus olhos, e eu logo tratei de tranquilizá-la.
– Shh, está tudo bem – sussurrei, afastando minhas mãos dela em sinal de paz – Você está segura agora.
(S/N) piscou lentamente, processando minhas palavras, e, ao contrário do que eu previa, não ofereceu resistência à minha explicação. Pelo contrário, um alívio sincero pareceu percorrer seus traços, e se eu já não estivesse sóbrio o suficiente para distinguir a realidade do imaginário, teria certeza de que o sorriso agradecido que ela me deu foi pura alucinação.
– C-como se sente? – gaguejei, pego totalmente de surpresa por aquela demonstração (ainda que alcoolizada) de confiança. Ela podia nem sequer sonhar em admitir tal fato, mas agora eu tinha certeza de que ela não me via mais como o monstro que um dia eu fui em sua mente. Somente esta descoberta já foi suficiente para que eu não me arrependesse de tê-la trazido para casa comigo. Acontecesse o que acontecesse, ela havia me revelado algo muito importante, e nada do que me dissesse no dia seguinte mudaria isso.

(S/N) não respondeu, apenas gemeu baixo e levou uma das mãos à parte superior da barriga. Não precisei de mais explicações para entender o que se passava.
– Respira fundo – pedi, voltando a carregá-la e correndo até o banheiro. Ajudei-a a se sentar ao lado do vaso sanitário, e assim que levantei a tampa, ela despejou todo o conteúdo de seu estômago nele, entre breves acessos de tosse e alguns resmungos de mal-estar. Segurei seu cabelo enquanto ela se ocupava em se livrar do álcool em seu sistema, e a única coisa que se passava em minha mente era: aposto que nenhum de seus namorados já havia feito o que eu estava fazendo naquele momento.
Ela definitivamente não sabia o quão prestativo eu podia ser.
(S/N) tossiu um pouco, erguendo a cabeça, e eu já a aguardava com uma toalha de rosto úmida, que cuidadosamente passei sobre sua boca (como já era de se esperar, ela reclamou quando limpei a pequena mancha de sangue do canto de seus lábios). Seus olhos se abriram gradativamente enquanto eu o fazia, e assim que olharam nos meus, percebi que ela estava lacrimejando.
Puta merda. Golpe baixíssimo detectado.
– Eu sinto muito – ela murmurou, com a voz enrolada, e segurou meu pulso com uma das mãos, deslizando o polegar sobre minha pele.
Minha garganta se fechou, minha mente decretando situação de emergência diante de tamanha demonstração de consideração dirigida à minha pessoa. Não por muito tempo; bastou que ela repetisse mais uma vez suas desculpas para que ficasse nítido que algo estava errado.
– Harry, eu sinto muito.
Encarei suas lágrimas com distanciamento, agora que sabia a quem sua causa realmente deveria ser atribuída. Com um suspiro tenso, desviei o olhar, retraindo minha mão com facilidade de seu carinho iludido.
Incapaz de dizer qualquer coisa, apenas fiquei de pé e a ajudei a fazer o mesmo. Envolvi seus braços com minhas mãos ainda trêmulas, puxando-a para cima logo em seguida, e ela não hesitou em se apoiar em meus ombros quando enfim se levantou do chão. Com o orgulho ferido por ter meus esforços negligenciados por sua embriaguez, dei descarga e fechei a tampa do vaso, buscando mil e uma formas de não encará-la.
Suas mãos me impediram assim que terminei essas tarefas, virando meu rosto em sua direção com urgência.
– Não fique bravo, por favor – ela choramingou, me forçando a ver o desespero em suas pupilas – Eu não queria ter ido...
Seu lábio inferior tremeu ao fim da frase, anunciando mais lágrimas, e sem aviso prévio, (S/N) me abraçou com força, afundando o rosto em meu pescoço e chorando feito uma criancinha. Meu corpo inteiro entrou em estado de alerta ao sentir o dela implorando para se moldar a ele; minhas pálpebras subitamente pesavam o triplo do normal, e respirar era praticamente impossível. A parte sombria de minha mente ainda levemente ébria ocupava-se em imaginar todo tipo de imagem pervertida, fazendo com que meu sangue se apressasse em correr para uma determinada região de minha anatomia.
No entanto, a parte sensata de minha consciência, sóbria desde que pus meus olhos em (S/N) naquela maldita festa, agiu rapidamente e tomou a única decisão possível.
Afastei meu pescoço de seu rosto, ao mesmo tempo em que minhas mãos empurravam sua cintura para longe de mim, com o máximo de cuidado para não transmitir a mensagem errada – tanto para o cérebro dela, quanto para o meu.
– Vamos – falei, quando enfim recuperei minha voz – Você precisa descansar.
– Não... – ela resmungou, resistindo ao meu distanciamento, e pronunciou suas próximas palavras ao pé de meu ouvido – Eu preciso de você.
Todo o ar de meus pulmões escapou por meus lábios entreabertos num milésimo de segundo. Fechei os olhos com força, lutando contra o turbilhão de pensamentos impuros que surgiam a cada segundo diante deles, pensamentos há muito recorrentes em minha imaginação. Meus dedos se fecharam ao redor de sua cintura, involuntariamente, e ela completou sua teimosia com chave de ouro.
– E eu sei que você também precisa de mim.
Assim que sua voz atingiu meus tímpanos, uma de suas mãos percorreu toda a extensão de meu tronco e somente parou ao atingir o volume vergonhoso em minha calça. Meus olhos se arregalaram de imediato ao sentir seus dedos contornarem minha ereção, acompanhados de um beijo demorado em minha mandíbula. Por pouco meus joelhos cederam à excitação absurda que me golpeou sem aviso prévio. Era surreal demais para ser verdade.
Quantas vezes me imaginei naquela exata situação, com seu corpo enroscado no meu, sussurrando indecências em sua voz inocente, me descobrindo com cada toque de seus dedos curiosos, causando as reações mais intensas e irresistíveis... Não podia ser real. Por mais que eu desejasse que fosse, com todas as minhas forças, eu sabia que não era possível. Não agora, não tão de repente.
E não era.
Harry, eu sinto muito.
Harry.
Não era eu o objeto de suas afeições. Não era ela, aquela (S/N), o objeto das minhas.
Aquela ainda era a (S/N) dele. E, se isso tudo não bastasse, ela não tinha a menor consciência do que estava fazendo.
Não era real, e com certeza não era certo.
– Não – falei com seriedade, desvencilhando-me dela e segurando-a pelos pulsos – Chega.
– Por favor... – ela pediu, tentando se aproximar novamente, mas eu a impedi – Me deixe compensar tudo isso. Prometo que vou me esforçar.
Franzi a testa, enojado com o que ela dizia. Ela estava se sentindo culpada por ter ido à casa de Kelly (provavelmente sem contar a Harry, o que era bem a sua cara) e agora que supostamente, em sua cabeça, ele havia descoberto tudo, ela queria se desculpar com sexo?
Aquela definitivamente não era a (S/N) que eu conhecia.
– Pelo amor de Deus, pare com isso – pedi, horrorizado com sua total ausência de senso. Ainda bem que eu estava naquela maldita festa, ou então sabe-se lá o que teria sido dela naquela noite. As possibilidades que surgiram em minha mente causaram calafrios.
(S/N) apenas riu, desistindo de me tocar, e eu mal tive tempo de soltar um suspiro aliviado antes que ela levasse suas mãos até os botões de seu vestido e começasse a abri-los, um por um, bem na minha frente.
Minha determinação falhou por um instante, atordoada pela hipnose que cada novo botão aberto exercia sobre mim. (S/N) deixou o vestido cair a seus pés, espiando minha reação (ou falta de) com um sorrisinho vitorioso.
Se ela soubesse quantas vezes eu já havia imaginado o que ela escondia debaixo de suas roupas... Quantas vezes eu havia desenhado cada contorno que agora se revelava diante de mim, exceto os que suas roupas íntimas ainda cobriam. Minhas mãos ardiam para explorá-los, minha boca salivava para beijá-los, minha mente enlouquecia só de pensar que eu realmente a estava vendo seminua.
Se ela soubesse o quanto doeu ter que desgrudar meus olhos de seu corpo e deixar a razão governar minhas ações, me fazendo conduzi-la até o interior do box logo atrás de si e ligar o chuveiro, para que a água fria com a qual eu estava tão acostumado nas horas difíceis a atingisse em cheio e, quem sabe, a fizesse retomar parte do controle...
(S/N) protestou, pega totalmente de surpresa, mas logo se conformou em bater o queixo sob o jato gelado, recusando-se a me olhar. Ela já me odiava mesmo, e me odiaria ainda mais na manhã seguinte... Não custava nada dar a ela mais um motivo pra detestar minha existência.
O fato de me forçar a suportar a visão dela tremendo de frio em meu banheiro, encharcada, só de calcinha e sutiã, sem sequer conseguir pensar em curtir a situação, não a tornava exatamente minha pessoa favorita naquele momento.
Quando seus lábios já adquiriam um leve tom arroxeado, desliguei o chuveiro e hesitei, testando sua reação. Ela apenas ergueu os olhos até os meus, e como uma criança arrependida da travessura que havia feito, esperou, com os ombros curvados e os braços firmemente agarrados ao próprio corpo, até que eu pegasse uma toalha e a estendesse em sua frente. (S/N) rapidamente veio até mim e se encolheu quando o tecido felpudo entrou em contato com sua pele gélida; sem conseguir ignorar a cara de cãozinho perdido dela, esfreguei seus braços com as palmas de minhas mãos, numa tentativa desajeitada de aquecê-la.
Sem dizer mais uma palavra sequer, ela permitiu que eu a levasse até o quarto de hóspedes, e se sentou sobre a cama com a expressão sonolenta.
– Está com sono? – perguntei, sem saber ao certo de que outra forma agir. (S/N) assentiu, cabisbaixa. O banho forçado pareceu ter surtido efeito. Pelo menos ela não estava mais tirando a roupa; o pouco de juízo que ainda me restava agradecia profundamente.
– Pode deitar.
Ela levou alguns segundos para processar minhas palavras, mas obedeceu. Levantei as cobertas para que ela se acomodasse sob elas, e assim que a cobri, seus olhos se fecharam e ela adormeceu.
Ou pelo menos foi o que pensei, ao soltar um suspiro aliviado e caminhar até a porta do quarto, sem sequer ousar olhar por sobre meu ombro e arriscar uma atitude impulsiva.
– Estou com sede – ela gemeu, no instante em que pisei fora do cômodo. Ainda no piloto automático, voei até a cozinha e em poucos segundos retornei com um copo d’água. O
cupei a beirada do colchão ao seu lado, e ela se sentou, pegando o copo de minhas mãos e bebendo todo o conteúdo em grandes goles. Ofegante, ela me devolveu o copo vazio, e, de olhos fechados, se inclinou em minha direção, encostando os lábios úmidos em meu ombro e virando a cabeça de um lado para o outro lentamente, até secá-los na manga de minha camiseta. Então, ela voltou a se deitar, e apagou de vez.
Levei alguns minutos para conseguir me recuperar do contato inesperado e levantar, para então cambalear até a cozinha e colocar o copo sobre  a pia. Se eu sobrevivesse àquela noite, sobreviveria a qualquer coisa.


CONTINUA...

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