segunda-feira, 25 de novembro de 2013

FanFic - Biology Capítulo 8





(S/N) (seu sobrenome)’s POV



Olhei ao redor assim que entrei no restaurante, apertando a alça da bolsa sobre meu ombro com um pouco mais de força que o necessário. Não demorei a encontrar quem eu procurava, e em passos largos, caminhei até a mesa, de onde ela acenava discretamente para mim.
– Desculpe o atraso – suspirei, ocupando a cadeira vaga à sua frente – Não consegui sair mais cedo da aula como eu planejava.
– Não se preocupe, eu acabei de chegar – Jules*, amiga de Niall, respondeu, observando enquanto eu me acomodava e recebia o menu que o garçom prontamente me ofereceu. Sem a menor fome para almoçar, coloquei-o sobre a mesa, ansiosa demais para sequer fingir interesse nele.
* Pra quem não lembra quem é Jules (acredito que ninguém lembre, hehe), favor checar o comecinho do capítulo 2!
– Obrigada por aceitar se encontrar comigo – ela disse, sorrindo gentilmente. Neguei com a cabeça.
– Imagine... Se você me ligou, deve ter algo importante para dizer.
– É, eu tenho... Quer dizer, espero que ainda seja importante para você.
Engoli em seco, prevendo o rumo que a conversa tomaria. De imediato, tirei aquela dúvida de sua mente.
– Eu ainda me importo com ele... Muito. Se dependesse de mim, não estaríamos separados.
Jules me analisou por um momento antes de assentir.
– É bom ouvir isso. Porque se você não se sentisse dessa forma, vir aqui hoje teria sido um completo desperdício do seu tempo.
– Eu não teria vindo se não me importasse – falei, tentando não parecer tão desesperada para saber o que ela tinha para me dizer – Sei que nosso único vínculo é Niall... Não haveria outro motivo para nos encontrarmos a não ser ele.
Novamente, ela assentiu, tomando um gole de sua água antes de prosseguir. Dessa vez, ela não hesitou antes de ir direto ao ponto, o que eu apreciei imensamente.
– Niall tem agido de uma forma muito estranha ultimamente, e me pediram para contatar você.
Franzi a testa, tão confusa quanto preocupada. Várias dúvidas se acumulavam em minha mente, e eu logo tratei de expressar a mais urgente delas:
– Agindo de uma forma estranha... Como assim?
– Fazendo coisas que ele antes não faria.
Jules fez uma breve pausa e respirou fundo antes de continuar.
– O mero fato de Niall ter se mudado para a casa dos pais já é espantoso o suficiente... Mas como ele tem uma forte razão para voltar...
– Ben – murmurei, fingindo que as lembranças que aquele nome trazia não me afetavam profundamente. Jules concordou com um meneio de cabeça.
– Mas não é só isso – ela prosseguiu – Já faz algum tempo que eu não o visito, mas Audrey me disse que ele tem passado muito tempo com o pai no escritório... Ela acha que ele pretende assumir os negócios da família.
Meus olhos se arregalaram ao ouvir tal notícia. Levei alguns segundos para encontrar minha voz.
– Mas... Ele sempre jurou que não faria isso... Que não servia para administrar todo o patrimônio da família, que nunca se submeteria a ficar trancado numa sala assinando papéis e administrando as finanças.
– Eu sei, e por isso me preocupo tanto – ela disse, séria – Parece que ele está tentando, não sei... “Consertar” sua vida em todos os aspectos... Começar do zero, fazendo o que os outros esperam dele, e não agindo de acordo com o que ele julga certo.
Esfreguei o rosto com as mãos, mais assustada a cada segundo. O que ele estava fazendo? Minha garganta se fechou à medida que uma sensação de culpa crescia dentro de mim. Eu o havia feito rever seus conceitos, repensar suas decisões, mas nunca imaginara que ele levaria tal reflexão até as últimas consequências. Mudar tanto... Tudo aquilo era realmente necessário?
– Meu Deus – foi tudo o que pude dizer, fitando a superfície da mesa como se pudesse encontrar nela uma resposta, uma direção.
– Eu tentei conversar com ele... Brad também – Jules suspirou, com o olhar baixo – Mas ele não se abre... Apenas diz que mudou sua forma de pensar sobre muitas coisas.
Mantive-me calada, sem saber como reagir diante de tal situação. Quando enfim consegui falar, a frase que saiu de minha boca era mais do que óbvia:
– Precisamos fazer alguma coisa.
– Eu sei – ela concordou, erguendo o olhar até o meu – Audrey me disse o mesmo ao telefone ontem de manhã. E é por isso que estamos aqui agora.
Pisquei algumas vezes, levando alguns segundos para processar a informação.
– Audrey pediu para você me ligar?
Jules assentiu. Meu coração acelerou ainda mais, como se previsse o que viria.
– Ela quer que você compareça ao jantar de aniversário dela neste sábado... Para conversar com ele e, quem sabe, pelo menos entender o motivo de tudo isso.
Por um momento, apenas a encarei, sem reação. A mãe de Niall queria que eu fosse ao seu jantar de aniversário para conversar com ele? Eu jamais imaginei que aquilo fosse acontecer, nem mesmo em meus devaneios mais fantasiosos, que haviam se tornado bem mais frequentes nos últimos três meses, desde que ele havia terminado comigo e mudado de cidade.
– Você tem certeza? – balbuciei, chocada demais para esboçar uma reação mais decente. Ela confirmou com a cabeça.
– Ela disse que teria te ligado se soubesse seu número, mas como Brad é o único amigo de Niall com o qual a família tem algum tipo de contato, pediu para que eu transmitisse o recado.
Continuei paralisada por alguns instantes, absorvendo o que ela me dissera, e enfim entendi o que precisava fazer. Se a própria Audrey havia se dado ao trabalho de contatar Jules para chegar a mim, e considerando tudo o que ela havia me dito há alguns minutos, o caso deveria ser realmente grave. Além do mais, ela estava me dando uma oportunidade perfeita para falar com ele, e eu não estava em condições de negar uma oferta daquelas. Três meses de distância, de total silêncio da parte dele... Por mais que eu tentasse telefonar, ele nunca atendia, nem mesmo quando eu usava outro número que não fosse o do meu celular.
Eu não podia continuar no escuro. Muito menos agora que uma luz surgia no fim do túnel.
Respirei fundo, reunindo coragem para dar minha resposta e me agarrando à ideia de que, mesmo estando apavorada, eu estava fazendo a coisa certa. Mesmo que tudo terminasse de forma desastrosa, eu teria a chance de vê-lo, e talvez esse mero fator já contribuísse para causar alguma mudança nele... Essa era a minha última esperança.
– Pode dizer a ela que eu estarei lá.

– E então, o que ela queria? – Eleanor perguntou assim que cheguei ao apartamento que ela dividia com Ewan, após meu encontro com Jules.
– Você nem imagina – falei, atirando-me no sofá, e vendo a curiosidade em seus olhares, resumi rapidamente a situação, o que só tornou tudo muito mais real.
– Nossa, o cara surtou totalmente – Ewan disse, me observando como se eu tivesse acabado de contar uma história de terror – Eu, hein.
– Se não quiser ajudar, não precisa atrapalhar, amor – Eleanor sorriu entre dentes, lançando-lhe um olhar de censura por sua infeliz escolha de palavras antes de se voltar para mim – (S/N), eu nem sei o que te dizer... Que loucura.
– Eu sei – bufei, fechando os olhos e cobrindo meu rosto com as mãos – E eu não consigo deixar de pensar que a culpa é minha.
– Pelo amor de Deus, mas é claro que não! – ela exclamou, puxando meus pulsos para baixo e me forçando a olhá-la – Se você fez alguma coisa, foi tentar colocar algum juízo na cabeça dele.
– Ele bem que estava precisando – Ewan adicionou inocentemente, e ao receber outro olhar assassino da namorada, protestou – Ué, eu só tô falando a verdade!
– Tudo bem, eu não sei se posso ficar muito pior do que já estou – intervim, antes que Eleanor pudesse retrucar – Pelo menos, eu vou ter uma chance de consertar as coisas no sábado.
– Espero que você consiga – ela sorriu fraco, e por mais que seu esforço para me animar fosse nítido, algo parecia estranho em sua expressão.
– O que foi? – perguntei, inclinando a cabeça para o lado e olhando-a com desconfiança. Automaticamente, ela soltou um grunhido frustrado, revirando os olhos.
– Olha, eu juro que estou tentando ser a amiga mais compreensiva e otimista do mundo – ela começou, falando depressa, como se estivesse guardando aquele discurso por um bom tempo – Mas... Já se passaram três meses desde que ele foi embora, (S/N).
Respirei fundo, imitando seu gesto e também revirando meus olhos ao prever o que viria. Pois é, parecia que eu poderia ficar pior do que já estava.
– Três meses é um bom tempo – Eleanor continuou, desacelerando seu ritmo e tentando soar menos taxativa e mais persuasiva – E se ele não tiver mais intenção de voltar? O que, convenhamos, depois de tudo que a Jules disse, é bem provável. O cara se mudou pra outra cidade, e se isso não for empecilho suficiente, deixou bem claro que não te quer na vida dele por pelo menos um bom tempo. Qual parte do “siga em frente” você não entendeu?
– Qual parte do “eu não vou desistir dele” você não entendeu? – retruquei, começando a ficar irritada com sua insensibilidade – Ele esperou por mim por três anos, Eleanor! Três anos! Além do mais, quando o Ewan foi embora, você ficou arrasada e se recusou a sair com outros caras por meses, então não venha querer me dar lição de moral.
Eleanor balançou negativamente a cabeça, desaprovando minha atitude, e lançou um olhar desesperado a Ewan.
– Me dá uma força aqui, por favor.
Ele fez uma careta ao ser intimado a opinar, e apesar de levar alguns segundos para tomar coragem, indeciso entre olhar para mim ou para ela, se manifestou:
– Falando como um cara... E caras conhecem outros caras...
– Fala logo – rosnei, sem paciência para rodeios.
Decidindo-se por encarar o chão, ele enfim respondeu.
– Eu concordo com ela. Você é nova demais pra lidar com todo esse drama, e ele sabe disso, por isso terminou tudo entre vocês... Por mais que ele goste de você, não dá pra ignorar esse tipo de coisa.
– Ele só está fazendo isso porque acha que não me merece! – rebati, levantando-me do sofá, irritada demais para continuar sentada entre os dois – Pelo menos não enquanto sua... Honra estiver manchada por um erro do passado. Ou qualquer outra coisa menos dramática.
– Primeiro, que eu saiba, ele não é nenhum samurai pra ter que “limpar sua honra” – Eleanor disse, erguendo um dedo a cada item listado – Segundo, erro do passado uma ova, porque filho é pra sempre. Agora me diz, onde tem espaço pra você nessa nova fase sou-o-novo-Dalai-Lama da vida dele?
O choque de sua pergunta fez com que o medo de não me encaixar mais em seu mundo, que eu constantemente reprimia e isolava sob uma grossa camada de determinação, se espalhasse em frias ondas por meu corpo. Levei alguns segundos para responder, já sem energia para discutir.
– Se eu não correr atrás, nunca vou descobrir.
Eleanor respirou fundo, sua expressão mudando da agressividade para a compaixão ao perceber que havia tocado num ponto delicado.
– Você sabe que eu só quero o seu bem, não sabe? – ela perguntou com um toque de arrependimento na voz, ficando de pé – Eu só digo todas essas coisas porque detesto te ver assim, sofrendo por um relacionamento que pode não ter mais futuro.
– Eu só preciso saber... – insisti pela última vez, com o último fio de persistência que me restava – Não posso conviver com essa dúvida.
Ewan, que nos assistia em silêncio, me lançou um olhar compreensivo e ao mesmo tempo encorajador, compreendendo meus motivos. Eleanor fez o mesmo, incapacitada diante de meu argumento. Cansada de toda a tensão que o dia já havia trazido antes mesmo das duas da tarde, forcei um sorriso sem graça e, dirigindo-me a Ewan, perguntei:
– Se importa se eu roubar sua namorada por algumas horas? Eu tenho um compromisso meio... Importante no sábado, e preciso encontrar um vestido decente até lá.
Uma vez quebrado o clima pesado, ele fingiu pensar no meu caso antes de assentir, o que fez com que todos caíssemos num riso breve, mas aliviado.

Meus olhos acompanhavam distraidamente as manchas coloridas que passavam pela janela do carro a cada metro percorrido do longo caminho. A viagem parecia completamente diferente à noite, ou talvez fosse apenas a constante sensação de desconforto em meu estômago que estivesse confundindo meus sentidos. Meus músculos começavam a reclamar devido ao já extenso tempo durante o qual eu os mantinha retesados, temendo relaxar no banco traseiro do carro que Audrey havia mandado para me buscar duas horas mais cedo naquele sábado, que parecera demorar anos para chegar. E que agora que estava ali, parecia estar indo rápido demais. Já estava escuro? Fazia tanto tempo assim desde que eu saíra de casa?
Durante todo o trajeto, minha mente não conseguia se desvencilhar de um único pensamento. Eu iria vê-lo naquela noite. Depois de três longos meses sem qualquer contato, eu estaria diante dele novamente. Poderia olhar para ele, refrescar minha memória, relembrar suas feições, sem precisar recorrer às fotos tiradas quando ainda nos víamos quase todo dia, feito dois idiotas apaixonados.
Qual seria sua reação? Ele ficaria feliz com a minha presença? No fundo, eu esperava que sim. Era possível, certo? Em nenhum momento, ele disse que não me amava mais... Talvez ele também sentisse minha falta. Nada o impedia de sorrir ao me ver, e então correr em minha direção para me abraçar, e...
Errado. Revirei os olhos diante de minha própria estupidez. No momento, tudo o que ele acreditava ser o certo a fazer desde a última vez em que o vi o impedia de agir daquela forma e me excluía de sua vida por tempo indefinido. Na melhor das hipóteses, ele se manteria a vinte passos de mim, fingiria ouvir o que eu tinha a dizer (que, a propósito, apesar da noite anterior passada em claro tentando formular um bom discurso, ainda estava indefinido), e me diria para ir embora e não voltar mais.
A noite realmente prometia.
Engoli em seco ao reconhecer a propriedade dos Horan logo à frente, e por uma fração de segundo, senti minhas forças se esvaírem, como se eu estivesse prestes a desmaiar. Me recusei a ser tão fraca, e enquanto os portões se abriam para que o carro entrasse, mantive o olhar fixo em meu colo e apenas me concentrei em respirar fundo.
O motorista estacionou em frente à casa, e como Jules havia instruído no dia anterior por telefone, esperei dentro do carro até que Audrey viesse me buscar. Ela não demorou a aparecer, abrindo a porta do automóvel para que eu saísse e logo em seguida me abraçando, como havia feito da primeira vez em que me viu.
– Olá, querida – ela murmurou, sorrindo abertamente ao me observar – Muito obrigada por vir. Nem sei como agradecer.
– Eu que agradeço pelo convite – respondi, me esforçando ao máximo para não demonstrar meu nervosismo.
– Imagine... Você nos faz um grande favor vindo aqui esta noite – ela disse, adotando uma expressão levemente triste – Nós estamos tão preocupados com ele... E mesmo que ele não tenha convivido muito conosco pelos últimos anos, todos pudemos ver o quanto você significa em sua vida. Se você não puder ajudá-lo, ninguém poderá.
Engoli em seco, sentindo o peso de minha responsabilidade pesar sobre meus ombros pela milésima vez desde que minha ida ao jantar de aniversário fora planejada. Em nenhum momento eu havia duvidado de minha capacidade de ao menos fazê-lo refletir sobre como estava lidando com toda a situação com tamanha intensidade quanto naquele instante, em que os olhos esperançosos de Audrey repousavam nos meus, e me fizeram visitar uma possibilidade que eu tentava desesperadamente evitar: e se ele já não se sentisse mais como antes em relação a mim? E se o impacto que Audrey alegava que eu tinha na vida de Niall já tivesse sido atenuado pela distância dos últimos meses?
– Farei o que for possível – foi o que consegui dizer para confortá-la e para acalmar o turbilhão de inseguranças que infestou minha mente em poucos segundos – Eu prometo.
– Boa sorte – Audrey murmurou, segurando minhas mãos entre as suas ao chegarmos à entrada da residência – Espere na sacada. Farei com que ele te encontre lá e cuidarei para que ninguém interrompa.
– Obrigada – sorri fraco, e antes que ela se afastasse, me lembrei de algo essencial – Ah! E feliz aniversário.
Ela retribuiu meu sorriso com um lisonjeado, e acariciou meu rosto de um modo tão maternal que, no estado emocional em que eu me encontrava, quase me fez desabar em lágrimas e pedir colo.
- Obrigada – ela respondeu, transbordando gentileza, seguindo para dentro logo depois.
Respirei fundo antes de imitá-la, e me esgueirei pelos convidados de cabeça baixa e em passos discretos até o local combinado, tentando não ser vista por algum possível parente que já me conhecia, nem observar demais os arredores para que as lembranças que aquelas paredes provavelmente despertariam não me desestabilizassem ainda mais. Completei o curto caminho até a beira da sacada e deixei meus olhos vagarem pelo extenso jardim, repousando minhas mãos trêmulas no parapeito como se desejasse roubar a firmeza da pedra que o constituía. Não funcionou. Minha audição parecia mais aguçada que de costume, para que nenhum passo, por mais silencioso que fosse, atrás de mim passasse despercebido, e nem o discreto som das cortinas que separavam a sacada da área interna sendo abertas se perdesse na brisa noturna.
Não precisei ouvi-lo, e muito menos vê-lo, para saber que ele havia me encontrado.
Um arrepio percorreu meu corpo ao sentir a mudança que sua presença havia causado na atmosfera ao meu redor. Meu coração deu um salto dentro do peito, e antes que meus joelhos ameaçassem ceder ao peso que sustentavam, me virei em sua direção.




CONTINUA...

Um comentário:

Oq estão achando do blog?